Fatos que marcaram a década #02: Produce 101

Aproveitando o sucesso do 1º fatos, com mais de 250 visualizações e a incrível descoberta de que a cena da garagem de Mr.Mr. FAZ PARTE SIM DO MV ORIGINAL DO SNSD, vamos para o 2º post dedicado a relembrar fatos que ditaram o rumo da década na música pop asiática. E aproveitando que a 4ª temporada está perto do fim (Alguém se importa? Não né? Move on), vamos falar do reality mais comentado e engajado que a Coreia conseguiria produzir:

No final de 2015 os portais coreanos estavam noticiando que a MNET ia estrear um novo Survival Show para formar um novo girlgroup. Isso não era lá tão novidade já que a gente vinha de realitys como KARA Project (Que trouxe a Youngji pro KARA) e o SIXTEEN (Que formou o TWICE), mas o projeto era mais ambicioso: Botar 101 trainees de diferentes agências para se matarem por 11 vagas de um girlgroup temporário que duraria 7 meses. As notícias foram surgindo e surgindo até chegar o final de dezembro, quando a música do programa “PICK ME” foi performada pela primeira vez no M!Countdown, servindo como introdução das trainees e do Produce 101, que estrearia em janeiro de 2016.

Na teoria era pro programa só ser feito de novatas, mas algumas figuras já eram conhecidas do público como Jeon Somi, a (até então) trainee da JYP e ex-SIXTEEN que fracassou no programa não entrando no TWICE, as trainees da DSP que já haviam participado do KARA Project (E também são ex integrantes do obscuríssimo grupo Puretty), a icônica lista de “trainees” da MBK que contava com duas integrantes do DIA e ex-quase T-ara ex-quase F-ve Dolls Dani e, por fim, a ex-Coed School, ex-F-ve Dolls e atual topa tudo por dinheiro Heo Chanmi, se vestindo de colegial no auge de seus 24 anos para tentar garantir uma vaga no grupo da MNET. A bagunça tava anunciada e o projeto, com suas enormes dimensões, mostrou que não tinha meio termo: Ou seria um fracasso colossal ou um enorme sucesso.

Poderia estar roubando, poderia estar fazendo bullying com minhas ex-colegas de F-ve dolls mas estou aqui me humilhando nessas roupas de ensino médio e pedindo o seu voto.

O sistema do programa era simples: Nos primeiros episódios as trainees fazem seus testes performando uma música da escolha delas e os juízes de dança, canto e rap as avaliavam, dando um ranking para cada garota indo de A (Melhor desempenho) até F (Pior desempenho). O resto do programa basicamente mostrava as rotinas de treinamento de uma trainee, as formações de grupos para performances no programa e o sistema hierárquico que se formou nele (As trainees com rankings mais altos tinham algumas regalias e eram prioridade nas formações de grupo enquanto as trainees de ranking F basicamente tomavam no cu). Tudo isso tinha como objetivo conquistar o público, já que todo o resto era decidido na base do voto popular, seja pelo voto do público nas performances ao vivo ou do telespectador que comandava a votação principal e decidia quais favoritas seriam escolhidas para o grupo final.

Mas nem mesmo a própria MNET esperava o sucesso que o Produce 101 se tornou. Eventos lotadíssimos, músicas promocionais vendendo e conseguindo altos rankings nos charts,campanhas de votações nas redes sociais e nas ruas da Coreia marcaram a exibição do programa, especialmente nos episódios mais próximos da final. Para se ter ideia, a última rodada de votações do programa teve mais de 10 MILHÕES de votos, um número enorme para uma emissora de TV a cabo (Isso representa 20% da população total na Coreia do Sul). No último episódio foi definido as 11 trainees que formaram o I.O.I:

#1 Jeon So-mi — 858,333 votos
#2 Kim Se-jeong — 525,352 votos
#3 Choi Yoo-jung — 438,778 votos
#4 Kim Chung-ha — 403,633 votos
#5 Kim So-hye — 229,732 votos
#6 Zhou Jieqiong — 218,338 votos
#7 Jung Chae-yeon — 215,338 votos
#8 Kim Do-yeon — 200,069 votos
#9 Kang Mi-na — 173,762 votos
#10 Im Na-young — 138,726 votos
#11 Yu Yeon-jung — 136,780 votos

O grupo gerou certas críticas por conta do foco em montar um grupo focado em visuais e deixando o talento em segundo plano (Especialmente pela adição de Kim Sohye que queria ser atriz e acabou “caindo de paraquedas” no programa), mas nada que prejudicasse o sucesso do grupo, conseguindo diversos hits em sua curta duração. Boa parte das músicas eram bem podres questionáveis na qualidade, mas isso era completamente justificado pela curta duração do grupo e a vontade de todos os envolvidos em fazer o máximo de dinheiro possível. O fato é que ninguém esperava que o I.O.I fosse fazer tanto sucesso, e o grupo acabou morrendo no auge da popularidade com gostinho de quero mais (Tanto que uma reunião do grupo acabou sendo anunciada para os próximos meses).

Óbvio que todo esse sucesso gerou uma 2ª temporada que foi anunciada em 2017, com o mesmo formato mas com trainees masculinos integrando o elenco. O contrato também mudou: O grupo da 2ª temporada duraria 18 meses ao invés de 7, mas todo o resto permaneceu sem alterações: 101 trainees disputando por 11 vagas. Assim como na 1ª temporada, os trainees também ganharam uma introdução no M!Countdown antes da exibição oficial do programa, performando a própria versão de “PICK ME”.

Dentre os já conhecidos no programa o que chamou atenção foi a participação de 4 integrantes do grupo NU’EST, que já tinha 5 anos de carreira antes do programa. Isso gerou muita polêmica por conta de um grupo já estabilizado e com tanto tempo de carreira (Em teoria já que o NU’EST era um fracasso sem tamanho) se rebaixar a ponto de retroceder para o status de trainees, e eles tratavam a última oportunidade da carreira e, se não dessem certo no programa, provavelmente o grupo conheceria o disband. No final as coisas deram certo pro NU’EST com todos os 4 integrantes ficando bem populares no Produce, mesmo com só um deles entrando no grupo final, o Wanna One.

O NU’EST renasceu de um jeito que a Pledis criou uma sub-unit com o único objetivo de aproveitar a popularidade dos integrantes enquanto o Minhyun estava ocupado com o Wanna One

Os 11 selecionados para o Wanna One foram:

#1 Kang Daniel — 1,578,837 votos
#2 Park Ji-hoon — 1,136,014 votos
#3 Lee Dae-hwi — 1,102,005 votos
#4 Kim Jae-hwan — 1,051,735 votos
#5 Ong Sung-woo — 984,756 votos
#6 Park Woo-jin — 937,379 votos
#7 Lai Guan-lin — 905,875 votos
#8 Yoon Ji-sung — 902,098 votos
#9 Hwang Min-hyun — 862,719 votos
#10 Bae Jin-young — 807,749 votos
#11 Ha Sung-woon — 790,302 votos

O boost dos votos na 2ª temporada pode ser justificado pelo maior engajamento que os garotos geram nessas votações populares em comparação com as meninas, mas também mostra o grande salto do Produce 101 em termos de popularidade. O programa se tornou um ícone da cultura pop sul coreana, seu formato começava a ser vendido para o exterior e criou a “febre dos shows de sobrevivência”, no qual vários programas com a proposta de formar grupos surgiram pela Coreia do Sul. Produce deixava de ser um simples reality show para virar a principal referência de Survival Show ao redor da Ásia e um fenômeno global.

Essa popularidade acabou sendo refletida no Wanna One, que lançou álbuns que venderam milhões de cópias, também batendo o topo dos charts coreanos e enfrentando de frente os dois principais grupos masculinos hoje em dia: EXO e BTS (Tem quem diga que o Wanna One seria maior que os dois grupos na Coreia se existisse até hoje). Já as músicas… Bem, sou bem suspeito pra falar delas pelo fato de evitar qualquer contato com boygroups, mas não curti nenhuma das músicas que já ouvi deles (A maioria era bem abaixo da média até mesmo para um boygroup comum), então vamos pular essa parte antes que eu queira arrastar o grupo na lama, né?!

Em 2018 foi anunciada a 3ª temporada do programa, intitulada “Produce 48”, e junto a isso veio a principal mudança do Produce até aqui: Agora, 48 trainees coreanas (Em teoria, na prática foram 57) disputariam por 12 vagas em um grupo com 2 anos e meio de duração contra 48 integrantes da franquia japonesa de grupos 48 (Em teoria, na prática foram 39). A ideia era bem clara: Aproveitar o renascimento da onda hallyu no Japão (Comandado por BTS e TWICE) e criar um grupo multi-étnico para bater de frente com o TWICE tanto com os coreanos quanto com os japoneses, e o Akimoto Yasushi (Dono dos G48) ficou tão animado com a ideia de botar suas funcionárias no programa que fez o AKB fugir de sua sonoridade tradicional para lançar singles mais “K-popescos” no ano de 2018.

Dificilmente veremos AKB48 lançar outra música promocional como Teacher Teacher, então aproveitem.

No pré-show havia o anúncio de que o grupo seria formado por 6 participantes coreanas e 6 japonesas, onde um país votaria pelas trainees do país vizinho (Só coreanos votariam nas trainees japonesas e só japoneses votariam nas trainees coreanas), o que gerou certa polêmica pela delicada relação dos dois países até a MNET arregar derrubar essas notícias, falando que só os coreanos teriam o poder de voto nessa temporada do Produce e que seria formado pelas 12 mais votadas na votação final, independente da quantidade de japonesas e coreanas que fariam parte do grupo. Dentre os destaques nas trainees, Lee Kaeun liderava as coreanas sendo uma ex-integrante do After School com o mesmo enredo de “Minha última chance é nesse programa” que o NU’EST fez acontecer na temporada deles, enquanto os dois destaques japoneses eram Sakura Miyawaki e Matsui Jurina, duas das integrantes mais populares de todas as formações de grupos 48.

A tradicional música introdutória do programa, “Nekkoya”

Outra polêmica gerada nessa temporada foi quanto ao sistema de avaliação. Os rankings continuavam os mesmos: As melhores iam pro ranking A e as outras eram distribuídas nos rankings B, C, D e o F formado pelas piores, porém o sistema de treinamento para entrar num grupo 48 é completamente diferente de um sistema de treinamento para entrar num grupo de K-pop, o que gerava uma diferença de habilidade gritante entre as trainees coreanas (Acostumadas a treinar pelos requisitos do programa) e as japonesas (Que entram no AKB e derivados basicamente pelo seu carisma e personalidade). A discussão foi enorme, teve gente que defendia o programa alegando que elas deviam se adaptar ao programa e às regras do mesmo, assim como aqueles que defendiam as trainees japonesas alegando que a MNET fez isso “de propósito” a fim de humilhar as integrantes dos G48, tratadas como “invasoras”, em rede nacional.

Os juízes do programa defenderam suas avaliações frisando que seria injusto com as trainees coreanas avaliarem as japonesas com um critério, mas pra mim foi tudo uma questão de localização: O Produce 48 era na Coreia, então é claro que tudo ia ser feito pelos critérios que os coreanos tem para uma trainee, mas se o programa tivesse residência no Japão, com os critérios dos grupos 48 sendo lei, as trainees coreanas iam penar por conta do carisma e personalidade de porta que a maioria delas possui antes de debutarem oficialmente. Tanto é que as duas performances mais cativantes da 1ª rodada do programa DE LONGE foram as das meninas da HOW que mostraram muita personalidade e coragem performando uma versão coreana cômica de Eat You Up da Yoko Oginome…

… E toda a animação e charme de roceira na cidade grande da integrante do NGT48 Yamada Noe.

No fim isso foi um aprendizado para ambos os lados, já que as trainees japonesas deram um upgrade nas suas habilidades de canto e dança e as coreanas (Boa parte delas, pelo menos) passaram a exalar uma personalidade mais interessante durante toda a competição, que terminou com a formação do IZ*ONE através de 9 coreanas e 3 japonesas.

#1 Jang Wonyoung — 338,366 votos
#2 Miyawaki Sakura — 316,105 votos
#3 Jo Yuri — 294,734 votos
#4 Choi Yena — 285,385 votos
#5 Ahn Yu Jin — 280,487 votos
#6 Yabuki Nako — 261,788 votos
#7 Kwon Eunbi — 250,212 votos
#8 Kang Hye Won — 248,432 votos
#9 Honda Hitomi — 240,418 votos
#10 Kim Chae Won — 238,192 votos
#11 Kim Min Joo — 227,061 votos
#12 Lee Chae Yeon — 221,273 votos

Mais reclamações sobre como as votações foram injustas com as japonesas (A maioria rodou logo no 1º corte) masok, o IZ*ONE segue promovendo até o início de 2021 sendo um sucesso tanto na Coreia quanto no Japão, cumprindo as expectativas e, assim como o Wanna One, batendo de frente com os principais grupos femininos na Coreia (TWICE e BLACKPINK). Musicalmente é o grupo que mais agrada, tem a minha música favorita dos grupos da franquia (La Vie En Rose) e, num geral, uma sonoridade que me agrada muito (Mesmo que elas não acertem sempre).

A 4ª temporada do programa, “Produce X 101”, termina nessa semana e teve como novidade o membro X, que gerou mudanças tanto no sistema de avaliação quanto na votação. Na avaliação o ranking F foi substituído pelo ranking X, onde os trainees que recebessem esse ranking não estariam aptos a usar o centro de treinamento do programa, botando uma pressão para os participantes mostrarem serviço sempre. Já na votação, o grupo será formado pelos 10 mais votados na fase final de votação e o membro X, que será o trainee mais votado na soma de todas as fases de votação. O contrato do grupo é de 5 anos (2 anos e meio exclusivos pro grupo e 2 anos e meio liberados para atividades individuais em suas empresas), o que gerou muito conflito e receio das empresas em mandar seus trainees para a possibilidade de ficar sem eles durante todo esse tempo (5 anos de grupo é, praticamente, o contrato habitual de um grupo de K-pop).

Produce 101, em toda temporada, se tornou um evento na Coreia. A mobilização e o sucesso dos grupos e trainees que participam do programa e o impacto que gerou nos programas de TV do país e ao redor do continente é desejável em qualquer emissora, e impressiona o fato da franquia não perder o fôlego. Pelo contrário, tudo vai ganhando maiores proporções e objetivos, e o crescimento segue sendo progressivo. Produce 101 não é só o grande fenômeno da Coreia, mas também uma das marcas de reality show mais fortes ao redor do mundo.

4 comentários sobre “Fatos que marcaram a década #02: Produce 101

  1. Jihoon um dos meus bias e só, gostei de algumas musicas do ioi, não sei como anda o izone nos charts do Japão, mas as musicas em japonês não são tão promovidas como as coreanas, sendo que o mercado japonês é enorme, acho que foi sacanagem com as japonesas, no quesito de quantidade.

  2. Ainda não me conformo com a Mnet arregando no número de integrantes de cada país no Produce 48… pensa só, eles além de terem um grupo completo já poderiam aproveitar e criar duas sub-units, uma só das coreanas com sonoridade k-pop padrão, outra só das japonesas com estilo AKB48 (e misturando os estilos no grupo completo).

    Mas não dá pra negar que os Produce viraram um sucesso sem precedentes, se não me engano até ganhando versões em outros países da Ásia. Aí a gente lembra do YG fazendo o Mix Nine e do resultado…

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