ALBUM REVIEW: Hwasa – María

Levando em conta que fez mais de um ano desde o hit “TWIT”, esse primeiro EP da Hwasa até que demorou demais para rolar. Não que ela ou o Mamamoo tenham parado junto: Teve Queendom, álbum novo, novos solos das outras integrantes… Mas levando em conta o tamanho do hit que “TWIT” foi, pegando #1 na Gaon logo de cara (O próprio Mamamoo levou uns dois anos pra conseguir o único #1 no chart e foi com uma das mais esquecíveis do catálogo delas), eu achei que esse EP sairia bem antes. Mas “María” está entre nós, e se talvez ele tenha tardado em chegar, o EP não deixa a desejar no geral.

Esse EP da Hwasa já era comentado desde o início do ano, mas a RBW acabou preferindo investir antes nos solos das outras integrantes e deixar Hwasa mais para o final. É uma estratégia válida, pois um dos grandes motivos do Mamamoo ter muito hype na Coreia é que o público leva elas como um grupo de 4 solistas, então nada mais justo que tirar uma grana desse título, mas esse comeback da Hwasa provou que se tiver que escolher alguém do Mamamoo para fazer sucesso nos charts, “María” é a pessoa certa.

“María” é um EP bem bom e profundo, com letras bastante atípicas e pessoais indicando todo o intimismo e envolvimento que a Hwasa tem com seu selftitled (María é o nome cristão da Hwasa). As letras exploram um lado mais frágil e vulnerável da Hwasa, ao mesmo tempo que traz sonoridades que combinam com a persona pop dela (E o que eu espero dos lançamentos da cantora). Músicas fortes, batidas intensas e vocais únicos dominam um EP com poucas coisas descartáveis, e se um álbum forte é o que falta no catálogo do Mamamoo, a Hwasa (quase) conseguiu entregar logo no seu álbum de estreia.

Acho que o problema mais marcante dessa “María” é que as sonoridades não conversam muito bem dentro dele. Tem as faixas mais eletrônicas, tem baladão, tem faixa mais jazzy, tem aquele filler hipster de cafeteria, e tudo isso liderado por um pop meets urban latino, mas pouca coisa parece pertencer ao mesmo álbum. Quando todas as faixas são muito boas isso não chega a ser um problema muito grave, mas não é o caso de “María”, que me soa meio desorganizado nesse ponto. Não que eu seja a pessoa ideal para organizar tracklists, mas acredito que se “WHY” aparecesse depois da intro e “I’m too bad” fosse descartada, esse álbum soaria muito melhor. De qualquer forma, “María” é o melhor trabalho relacionado ao Mamamoo até aqui, o que pode não parecer muito considerando a quantidade de álbuns 6/10 do Mamamoo, mas é um album que me surpreendeu muito.

O EP começa com a intro “Nobody Else”, que não introduz muita coisa em termos de som (É um EDM introspectivo que tem uma explosão que me lembra muito o drop de “Butterfly” do Loona, e não tem quase nada disso no álbum) mas bota o tema do comeback em evidência: Uma Hwasa vulnerável, insegura e pronta para expor suas aflições, abrindo espaço para a faixa principal do projeto. “Maria” traz muito da Hwasa mostrando um lado com muitas fragilidades para lidar com o constante ódio que recebe, ao mesmo tempo que é uma faixa de conforto para a cantora, onde ela diz que já é linda e especial do jeito que é. Toda essa letra é embalada em uma produção pop meets latin trap, o que já parece um caminho mais confortável para a Hwasa seguir pois combina muito bem com os vocais dela e etc. O break latino segue não fazendo muito sentido na música (Acho que é pra você dançar enquanto está reflexiva com a letra, não sei), mas a essa altura “Maria” já é um grande sim para mim.

“Kidding” é a faixa do EP produzida pelo Zico, e ela é brincalhona assim mesmo. A intro sugere que vamos ter uma faixa calma e inespecífica, mas aí o ritmo muda e vira um pop/R&B com uma pegada mais jazzy e provocativa, que brinca mesmo com o ouvinte (Quando o piano entra no refrão a coisa toda fica muito gostosa). É algo que imagino a Gain lançando solo, e acho que por isso amo tanto essa música. “WHY” foi uma das favoritas da parte da minha bolha que ouviu esse álbum, sendo uma faixa eletrônica mais densa e que vai ficando mais pesada a cada batida que eu ouço. Uma outra faixa muito boa do álbum que tem uma execução ótima para o conceito, o som dos versos é intenso e me deixa na vibe certa, mas acho que o refrão dessa poderia ir ainda mais fundo para ser aquele 10/10.

Infelizmente o EP dá uma fillerzada lá pro final. “I’m bad too” é aquela típica faixa inspirada em MPB que não é criativa o bastante para cativar alguém, os vocais da Hwasa estão ótimos mas o rap do DPR Live dá uma derrubada legal na música pra mim. E “LMM” é o baladão obrigatório do álbum, onde a primeira leva de versos é só Hwasa e um piano, mas lá pra metade da música o instrumental vai ganhando mais elementos e consistência, fechando com um coral de fundo pois ninguém recusa um coral de fundo né. É um baladão acima da média até, mas não é do tipo que me faça ouvir mais e mais vezes para sentir aquela emoção profunda que a música tenta passar (Talvez isso mude com o MV que será lançado no dia 16). A versão física do álbum ainda conta com o debut “TWIT”, que envelheceu como vinho para mim pois fica melhor a cada ouvida, e é sem dúvidas o melhor single dessa carreira de solos do Mamamoo.

Ainda falta aquele álbum 10/10 que justifique todo o talento e hype que o Mamamoo tem, mas a Hwasa chegou bem perto com esse EP, que começa muito forte mas perde um pouquinho de fôlego lá pela segunda metade. Mas no geral foi um álbum que explora bem todo o potencial que a Hwasa tem sozinha, sem muito do que reclamar nos dias que sento e ouço completo.

77/100

3 comentários sobre “ALBUM REVIEW: Hwasa – María

  1. Eu sou uma das poucas pessoas que não gostou de maria, mas reconheço a esteticidade e o talento da musa Hwasa, e continuo acompanhando por ela. Mas ainda espero uma musica que me impacte vindo dela.

  2. Eu achei uma ótima vitrine para ela se mostra como solista. Sem dúvida vai se juntar como um dos albums meus favoritos do mamamoo, mas gostaria que elas se aventurarem em um som mais anos 80 tipo o Reboot do wonder girls.

    • Eu não espero mais um som retrô para o atual Mamamoo (Acho que nos primeiros anos até Yes I Am eu acreditaria num novo Reboot vindo delas), mas a ideia é muito boa mesmo e elas poderiam servir muito nesse conceito oitentista

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