Esse EP novo do TWICE eu já ouvi em live na Twitch no dia do lançamento, e dei minhas opiniões de boneca bêbada sobre esse álbum para as 5 pessoas que apareceram por lá. De lá pra cá o TWICE já garantiu mais um million seller, o “álbum “READY TO BE” está dando uma surra no álbum da Miley Cyrus lá nos Estados Unidos mas ninguém está ouvindo muito o single “SET ME FREE” e elas não estão conseguindo bater de frente contra fenômenos como FIFTY FIFTY e H1-KEY. Mas o que importa é: O mini álbum vale a pena? Estou aqui para falar pra vocês que… Talvez. Segue abaixo a minha review do “READY TO BE”, explicando melhor porque esse é definitivamente um mini-álbum na história do TWICE.

“READY TO BE” é um álbum interessante de se ouvir porque traz reflexões sobre onde o TWICE já chegou e onde o grupo pode chegar. Normalmente, nomes veteranos que não tem que (Ou não querem) provar mais nada na indústria acabam lançando trabalhos mais seguros e sem grandes riscos , com melodias simpáticas e um conjunto amistoso. Ao mesmo tempo, a recente crescente do grupo no mercado ocidental, com o EP vendendo mais que o álbum novo da Miley Cyrus nos Estados Unidos e conseguindo até um debut no Reino Unido, mostra que o TWICE ainda pode preencher alguns espaços na indústria, e esse EP acaba mirando muito mais o que é trending aqui no ocidente. O resultado é um álbum moderno e cheio de referências, mas com uma execução pouco ousada.

O READY TO BE meio que estende a impressão que “SET ME FREE” me deu ouvindo pela primeira vez: O TWICE achou o estilo mais confortável e que combina com o grupo. Isso tem dois lados: Por um lado, é legal e meio que garante que o TWICE não vai servir músicas muito ruins. Por outro lado, será mais difícil eu ouvir o TWICE e esperar que elas me surpreendam. Por mais diverso que o “READY TO BE” se mostra ser com estilos diferentes em cada música, a execução de todas elas parece se segurar para não ir além, entendem? Não sei se vou falar da melhor maneira aqui, mas nenhuma música do álbum se sobressai, com o single principal sendo a única exceção por ser bem melhor que os últimos singles que o TWICE estava lançando.

“SET ME FREE” é um dos singles mais empolgantes do TWICE nos últimos tempos, mas o “READY TO BE” está longe de ser o álbum mais empolgante do grupo. Não é um álbum ruim, mas é que poderia ser melhor e mais marcante se as músicas nele não parecessem se segurar para não serem melhores que os dois singles desse comeback. Entendo totalmente a existência desse álbum e acredito que ele funciona para sua proposta (Puxar um público ocidental ao mesmo tempo que mantém a fanbase fiel), mas o grupo tem projetos melhores que eu prefiro ouvir por completo ao invés do “READY TO BE”, e isso acaba tirando qualquer excitação que eu poderia ter com esse EP.

Faixa a Faixa

Já falei sobre “SET ME FREE” ser o melhor single delas desde “I CAN’T STOP ME”, e alguns dias depois eu continuo achando que é um musicão. É evidente que elas acharam sua zona de conforto nessa sonoridade synthpop/disco, mas em “SET ME FREE” elas fizeram de um jeito bem mais forte, com sintetizadores mais tensos contrastando com os violinos da música e o refrão repetitivo já não é mais aquele incômodo. Lembrar do “Future Nostalgia” ouvindo essa música não é pecado, pois a Dua Lipa fez um ótimo álbum e o TWICE fez um ótimo comeback. Na sequência temos “MOONLIGHT SUNRISE”, que eu também continuo achando ser uma prima pobre mais ocidental de “Feel Special”. Não tem nada de “special” em “MOONLIGHT SUNRISE”, sendo só um “feel” mesmo. Gosto da batida dos versos e o refrão é gostoso também, mas no geral é uma faixa ok.

Passando para as faixas inéditas, “GOT THE THRILLS” me dá muita vibe de album track de um grupo tipo AOA/Girl’s Day que acabou de conhecer um produtor americano, sabe? Uma faixa de gostosona que quer curtir o verão com uma pepsi geladinha. Me deu essa vibe de album track boa que alimenta uma playlist de viagem com vocais mais intensos dando uma emoção a mais para a música, assim como a guitarrinha que brilha nessa música. Não é aquela album track que mude a minha vida, mas deve mudar a de alguns de vocês. Já “BLAME IT ON ME” é a tentativa de fazer um pop/rock que eu acho que funcionaria melhor num grupo novo como o Billlie fez no último comeback, mas para o TWICE… Falta uma energia diferente aqui. Não sei exatamente o que não funciona nessa música, mas ela me soa, na falta de expressão melhor, “jovem demais” para o grupo. Nada de muito errado aqui, mas nada que salve o rock também.

“WALLFLOWER” explora um pouco a latinidade do grupo que se perde numa melodia controlada demais. É mais uma faixa que não é ruim, mas também não chega lá. “FIREWORK” serve uma latinidade muito mais quente e sedutora que me faz acreditar em Hirai Momo como a Gloria Stefan do Japão, enquanto “WALLFLOWER” é só ok mesmo. “CRAZY STUPID LOVE” acabou sendo minha faixa favorita das album tracks (PS: Tenho consciência que eu sou minoria com essa opinião), pois a pegada *um pouco* mais reggae deixou a faixa extremamente charmosa, mas também não é aquela grande descoberta que eleva o nível do álbum. “READY TO BE” é um EP diverso em termos de sonoridade, mas com poucas nuances em termos de qualidade, com tudo seguindo uma certa linha imaginária em até onde as músicas poderiam chegar. Para encerrar o álbum temos a versão em inglês de “SET ME FREE”, e embora tenha umas aí que estejam no meu nível de inglês crocante, não ofende nem altera muito a experiência da música original.

Conclusão

Para o bem ou para o mal, “READY TO BE” é um álbum extremamente constante e inofensivo. Não parece ser “um novo começo” para o TWICE, mas uma continuidade do que fez o grupo ganhar status como um dos melhores grupos de K-pop hoje em dia. É um bom primeiro contato para quem nunca ouviu o grupo, mas apenas mais um EP para quem já conhece e sabe do que elas são capazes.