Na última semana a cantora IU comemorou 15 anos de estreia no K-pop. A pequena jovem de 15 anos daquela época provavelmente não imaginava o fenômeno cultural que se tornaria na indústria coreana durante esses 15 anos acumulando sucessos e aclamação na música, na TV e no cinema. Mas, antes desse fenômeno, IU estreava com dificuldades encarando seu primeiro (E único) flop coreano com a injustiçada “Lost Child”, um dos melhores debuts (Talvez O melhor) que a Coreia desovou:

Eu não tenho ideia da dimensão do flop de “Lost Child” pois 1) Quando eu conheci a IU ela já era a grande febre adolescente coreana do momento em 2010 e 2) A Gaon só surgiu no finalzinho de 2009 e, como a música não aparece no anual de 2008 do Melon, o que temos da IU antes disso são relatos. O que eu sei é que “Lost Child” não foi tão bem nos charts e dá para considerar como o único flop da carreira dela na Coreia, já que o sucesso da IU começou logo no primeiro comeback com “Boo”. E o pior desse flop é que “Lost Child” é facilmente uma das melhores músicas da carreira da IU.

“Lost Child” é uma balada dark embalada por uma melodia triste e distante muito bem desenhada pela orquestra do instrumental. Em contraste, IU entregando uma voz inocente e interpretando muito bem a solidão que a música passa. A música ganha camadas conforme se desenvolve com a sinfonia ficando mais imponente e dramática, e a IU acompanha isso muito bem entregando todas as nuances, o que é surpreendente para uma artista novata e tão jovem. A melodia é delicada e impactante, que desperta diferentes sentimentos até o climax da música ser explosivo e teatral. “Lost Child” é uma bela canção do início ao fim.

Talvez o flop se justifique pela temática mais pesada dada a uma menina tão jovem. Naquele mesmo ano o Davichi faria um dos debuts mais bem sucedidos do K-pop com um curta metragem de bandidos inspirado em Thelma & Louise, mas todos os envolvidos já eram adultos (Com exceção da Minkyung, que não aparece no MV) com um público mais velho como alvo. IU tinha 15 anos quando debutou com essa balada mais pesada e um MV esteticamente mais escuro (E um pouco macabro até), e acho que isso não fez o coreano médio abraçar a IU, tanto que ela mudou drasticamente seu visual e conceito para “Boo” e, aí sim, ela hitou. Li em algum lugar que ela foi esculhambada nas primeiras apresentações mas, honestamente, a Coreia já aclamou apresentações piores que essa aqui.

Enfim, são apenas achismos para tentar achar uma razão para o fracasso da música na época, já que por qualidade “Lost Child” é de longe uma das melhores baladas que a Coreia produziu.

O flop de “Lost Child” acabou sendo necessário para a carreira bem sucedida da IU, que fez todo um rebranding para se tornar a maior solista da última década na Coreia, mas quando ouço essa música eu fico pensando como seria se ela voltar a investir em um conceito profundo e dark como esse. Até mesmo relançando essa música para hitar como merece, mas seria interessante ver a IU em um conceito dramático e teatral com uma estética mais sóbria como esse debut. De qualquer forma, “Lost Child” merece qualquer aclamação possível, e um dia será vingada do jeito que merece.

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Talvez você não saiba, mas o último concert da IU “The Golden Hour” será transmitido nos cinemas nos dias 28 e 30 de setembro. No Brasil, cinemas selecionados do UCI, Cinemark e Cinépolis (Até onde vi) vão exibir o show da cantora. Você pode pesquisar se tem um cinema próximo exibindo o show e comprar ingresso através do site: www.iuconcertthegoldenhour.com