Jiae (ex-Wa$$up) não quer mais esconder sua bissexualidade em “Love Is Love”

Eu estava curioso pelo debut solo da Jiae, mas tinha a impressão de que esse álbum não saía nunca. A última notícia que tinha visto é que o lançamento do álbum foi adiado para 3 de novembro, então eu tinha desencanado e seguido a minha vida. Mas aí, um de vocês nos comentários queria me ver comentando sobre o MV de “Love Is Love” dela, e eu fiquei “Ué? Saiu ou não saiu?” até descobrir que, na verdade, já tem uns 20 dias que o MV e o EP digital foram lançados. Mas enfim né, agora que eu sei que esse debut solo saiu, vamos ver o que a Jiae tem a nos dizer com “Love Is Love”:

A música em si não reinventa a roda do R&B, tem um instrumental bem gostoso e envolvente que, para quem consome muito R&B coreano, ouve semana sim semana não. É um beat lento, sensual e hipnótico, que não tem muitas mudanças e segue o mesmo tom a música inteira. O refrão ganha uma certa profundidade com a batida mais intensa e os vocais mais fortes, mas nada muito fora do comum. É um R&B 101 sem muito o que comentar, que não ofende ninguém mas se você chuta uma árvore em Seul cai 40 músicas iguais.

O que importa em “Love Is Love” é a mensagem de libertação e autoaceitação que a Jiae traz. Não acompanhei a fundo a batalha dela para lançar “Love Is Love”, mas sei que a Jiae teve muita dificuldade para arranjar uma gravadora que lançasse esse trabalho solo dela, com muitas delas recusando pela sua sexualidade e a repercussão que poderia render (Jiae ironizou ter ganhado mais notas da imprensa quando assumiu uma namorada do que quando debutou como idol), até ela resolver chutar o balde e lançar “Love Is Love” de forma independente. A composição não é muito complexa, mas falar sobre não se esconder mais e viver um amor sem medo é uma mensagem forte e clara que a Jiae traz com sua música.

Como um membro da comunidade LGBTQIA+, eu entendo as dificuldades e preconceitos que a Jiae passou. Não posso falar que vivi o que ela viveu pois são realidades totalmente diferentes (Mesmo não muito distantes), mas é fácil entender os anseios e as barreiras que a Jiae cita ter passado para seguir seus sonhos e viver aquilo que ama em uma sociedade tão conservadora e empenhada em nos silenciar e invisibilizar. Trabalhos como “Love Is Love”, acima de tudo, nos lembram que essa luta por igualdade está longe de acabar, e que todo posicionamento social e político é importante para mostrar para o mundo que também merecemos viver e amar como pessoas comuns. Seja hoje, seja no próximo domingo ou em qualquer dia, é importante nos lembrarmos e nos amarmos como somos.

“Love Is Love” não é aquela grande música que muda vidas com sua sonoridade única e produção poderosa, e acredito que nem seja a intenção da Jiae fazer algo do tipo, mas é uma faixa que tem algo a dizer e eu me conecto com ela. É o tipo de trabalho mais pessoal e libertador que mais tem a ver com a Jiae como pessoa e como ela quer se mostrar ao mundo com sua arte, mesmo com todas as dificuldades que ela deve ter tanto como artista independente quanto como mulher bissexual. “Love Is Love” não é o tipo de música que me faz querer deixar no repeat, mas tem coragem em sua essência e eu admiro muito isso. Toda sorte do mundo para a Jiae em sua carreira solo.

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