Mais uma semana, mais um reality show para formar um grupo: Produce 101 vai para a sua terceira temporada no Japão depois de duas temporadas que desovaram dois grupos masculinos de sucesso por lá, o JO1 e o INI. Se ouvi alguma coisa desses dois grupos? Não passei nem perto, mas dessa vez a franquia está pronta para desovar seu primeiro girlgroup e talvez eu me interesse por isso. E para ter certeza de que dessa vez veremos 100 garotas japonesas se humilhando para debutar em um novo girlgroup, o programa se chama PRODUCE 101 SEASON 3 “THE GIRLS”:
Lembro que, quando anunciaram a 1ª temporada japonesa, o pessoal ficou meio confuso por debutarem um boygroup ao invés de um girlgroup como fizeram na Coreia e na China. Eu também fiquei pensando nisso mas, vendo a situação do J-pop atual, parece fazer sentido. Por exemplo, recentemente saiu o ranking de meio de ano dos artistas que mais venderam ticket de show em 2023 até agora e, se a minha leitura estiver correta, o melhor girlgroup é o Nogizaka46 que está na DÉCIMA SÉTIMA POSIÇÃO.
Nos top 10 de meio de ano da Oricon a situação é semelhante: Nogizaka46 é o único girlgroup que aparece com frequência em posições como 7º lugar (No ranking de singles) e 9º lugar (No ranking de artistas mais lucrativos), com uma casual aparição do Keyakizaka46. A situação anda tão grave que o single mais popular na Oricon de um girlgroup nesse mid year foi “Ditto” do NewJeans. Na Hot 100 Japan a situação piora: Nenhum girlgroup aparece no Top 10 de qualquer chart, e nenhum girlgroup japonês aparece no Top 20 de artistas mais populares (NewJeans em #11 e TWICE em #19 aparecem nessa lista). E isso parece ser uma situação recorrente, pois em outros anos boygroups e anime songs basicamente dominaram as listas de fim de ano no Japão.
Não sei o que rolou para os girlgroups japoneses serem deixados de lado desse jeito além da fórmula idol do Akimoto Yasushi (finalmente) ter desgastado, mas isso explica basicamente porque só agora tivemos um Produce 101 para montar um girlgroup. E não duvido que esse girlgroup siga mais a fórmula e persona de um girlgroup de K-pop atual do que do J-pop também. No máximo algo para servir de concorrência para o NiziU? Enfim, para quem cresceu com o J-pop sendo dominado pelos million sellers do AKB48 e #1 singles dos grupos 48 e 46 (Além de outros grupos femininos que conseguiam bater de frente pelo topo da Oricon), essa situação toda dos charts japoneses é a mais desinteressante que estou vivendo. Que esse Produce 101 sirva para, pelo menos, reaquecer esse lado da indústria.
Fiquei mais impressionado é com o TVXQ! em fucking QUINTO LUGAR.
Caramba, e eu que achava que os japoneses eram mais interessados que os coreanos no que diz respeito às idols… os mangás e animes me venderam uma ilusão (ou então os japoneses estão mais interessados nas idols de mangás e animes do que nas idols de carne e osso, mesmo… talvez aquele reality show flopado das idols virtuais feito na Coreia do Sul desse mais certo se fosse no Japão. Ou talvez não).
Bem… não é que os japoneses são desinteressados em idols, mas a indústria musical japonesa é a segunda maior do mundo, atrás apenas dos EUA. Isso significa que tem uma diversidade musical gigantesca. Enquanto na Coreia do Sul idols dominam a indústria, no Japão – principalmente quando se trata de idols femininas – é só um nicho.
Os animes e mangás não te venderam uma ilusão pois os fãs de idol no Japão são otakus, então meio que é são nichos bem próximos. Inclusive, grupos idols japoneses não costumam ter nome de fandom, os fãs simplesmente dizem que são “otaku” de tal grupo (ou wota, que é uma abreviação mas a raiz etimológica é a mesma).
A era de ouro das idols no Japão foi na década de 1980 e depois disso não se recuperou mais, vivendo apenas de momentos, como na era de ouro do Momusu, AKB48 na primeira metade da década de 2010 e o Keyakizaka46 mais recentemente na ségunda metade (até que faleceu em 2020). Quanto à idols femininas na era Reiwa, tá dando só K-pop mesmo…
Muito obrigado pelas explicações!
Agora eu entendo por que tantas jovens japonesas têm tentado a sorte como trainees nas agências de idols na Coreia do Sul.