ALBUM REVIEW #01 — Chungha – Flourishing

Vez ou outra alguns de vocês ficam me pedindo para fazer review de um álbum ou EP confiando no meu gosto altamente questionável para apreciar música. Reviews de álbuns são coisas que eu não vinha fazendo nesse blog, mas como dezembro é um mês bem morto de pauta e novidade (Exceto para aqueles que curtem 75 baladões de inverno/com temática natalina por semana), achei bom pegar esse mês para retomar com velhos hábitos e (finalmente) começar com as reviews de álbum aqui no blog, começando com álbuns mais fáceis de comentar para ir pegando ritmo e depois atendendo os pedidos de vocês. E para abrir os trabalhos vamos com o último EP da Chungha que, pra mim, é o melhor trabalho coreano de 2019.

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A carreira da Chungha antes desse ano era bem instável pra mim. Pra ser honesto o único EP que eu achava realmente aproveitável dela era o “Offset”, com o “Hands On Me” sendo bem fraquinho (A melhor coisa dele é uma fucking intro) e o “Blooming Blue” sendo bem esquecível (Embora tenha músicas como Cherry Kisses e Drive que são gostosinhas e, com alguma boa vontade, dá pra curtir tranquilamente). Eu curto a Chungha desde sempre, acho que ela tem muito a mostrar para o público ainda e sempre achei que ela fez tudo direitinho, mas eu pouco curti as músicas que ela entregava num geral… Até chegar 2019 e a gata killing me softly com “Gotta Go” já no dia 2 de janeiro.

*BOOM*. Ninguém esperava Chungha entregando uma música que sobrevivesse o ano todo e se tornasse um dos grandes hits de 2019 (Tanto em qualidade quanto em charts, levando a carreira da Chungha para outro patamar). Agora sim Chungha vinha com tudo para se tornar uma das solistas da geração e isso rendeu, quase 6 meses e um debut do BVNDIT depois, o seu 4º EP “Flourishing”. E que EP ótimo. Acho que desde o “One Shot, Two Shot” da BoA eu não me sentia tão vivo por todas as faixas de um EP de K-pop, é notável o esforço que Chungha e os responsáveis tiveram em fazer desse EP o trabalho da carreira dela até aqui. Analisaram o que está funcionando na música pop, fizeram seus ajustes para que pudesse combinar melhor com a personalidade que a Chungha transmite em diferentes ritmos e produziram um CD com uma força muito maior que em seus trabalhos anteriores. Nisso temos que parabenizar a cantora.

Porém, o que me segura em dar um 100 pra esse EP é que as faixas não casaram muito bem dentro de um álbum. Quer dizer, todas as músicas são ótimas, mas parecem músicas de 5 projetos totalmente diferentes que não tiveram uma ligação muito legal quando juntaram em um único pacote. Tem álbuns que a gente gosta de ouvir completos pois são redondinhos como um todo e, mesmo com músicas não tão fortes assim, acabam preenchendo 35~40 minutos de nossas vidas de forma bem agradável, e esse não é o caso do “Flourishing”. Logo, “Flourishing” é um álbum que tem faixas incríveis mas que são mais legais mantê-las no repeat por horas como se fossem 5 singles do que em sequência como um EP.

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O álbum começa com “Chica”, uma música empoderada embalada por um delicioso instrumental latino/tropical, trazendo um refrão viciante, breaks fortíssimos pós-refrão e uma Chungha intensa, quente. É até curioso ela não usar essa música como single, uma vez que ela lançou esse álbum no início do verão coreano e Chungha já havia tentado emplacar algo do tipo em 2017 e 2018. Vai ver o sucesso mais discreto de “Why Don’t U Know” e “Love U” comparado aos outros singles fizeram ela segurar a onda dessa vez e não apostar em “Chica” como Title Track, mas ironicamente essa é de longe a melhor “faixa de verão” da Chungha. até aqui. “Young In Love”, então, diminui toda essa intensidade trazendo um pop mid-tempo que lembra as tentativas mais recentes de artistas pop reviverem décadas passadas em seus trabalhos. A música toda me dá uma sensação de prazer ouvindo e é daquelas que me transporta para uma outra época onde as coisas pareciam mais simples e eu só preciso sentir a vibe da música enquanto um globo de luzes fica girando e iluminando o ambiente. “Call It Love” diminui ainda mais o ritmo com um baladão obrigatório de qualquer álbum pop, onde eu sinto que as limitações vocais da Chungha impediram a música de alcançar um outro nível, mas o instrumental maravilhoso compensa a ouvida e faz dessa a melhor balada da carreira da Chungha.

Até aqui temos 3 faixas incríveis mas que diminuem o ritmo de forma muito drástica a ponto de não ser tão agradável de ouvir em sequência, e a essa altura em um EP de K-pop convencional a gente intercalaria entre midtempos e baladas que mais sugerem encher linguiça, deixando a impressão que o melhor já passou. Mas Chungha não foi dessas e guardou as duas melhores faixas do álbum, chupadíssimas da discografia recente da Ariana Grande e que matam qualquer sentido que o álbum poderia ter. “Flourishing” chama a atenção por ser uma faixa cantada totalmente em inglês, a mudança de ritmos dentro da música (Hora um urban safadíssimo, hora uma música mais melódica) são ótimas dando um brilho único para a música e os “keep it flourishing” são o ápice desse álbum, mas ainda soa como uma música roubadíssima do “Thank U Next” e que a própria Ariana Grande deve ter ouvido e se arrependido de não colocar no álbum dela de tão boa que é.

O EP termina com a title track “Snapping”, numa posição nada convencional para uma faixa principal (Que geralmente fica na primeira metade e não no fim da tracklist, como nesse caso) mas interessantíssima para manter o álbum interessante por mais tempo. “Snapping” mira mais numa Ariana Grande da época do “Dangerous Woman” do que dos álbuns mais recentes, onde ela faz uma música pop mais redondinha e cool sem necessariamente usar referências trap/hip-hop (O que difere é que estamos no K-pop né, então é logico que a música foi pensada e trabalhada para ter uma coreografia forte ao invés de destacar vocais impressionantes como a maior parte dos singles da Ariana). Chungha sempre acertou nesse tipo de música analisando as duas signature songs dela (“Roller Coaster” e “Gotta Go”) e ela não ia errar agora né. Não é a minha faixa favorita do álbum, mas uma escolha coerente se tratando de Chungha (Possivelmente a única no meio de tanta coisa inusitada que rola nesse álbum).

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“Flourishing” é um EP muito bom com músicas muito boas, mas fica meio nítido que eles se perderam um pouco no meio de tantas ótimas ideias para esse álbum. Tem que possa chamar isso de “experimental” ou “versátil”, mas sabemos que não é: “Flourishing” pega todas as ideias trending dos últimos anos e embalou tudo num mesmo CD. A parte boa é que essa salada de gêneros rendeu ótimas canções, com potencial para serem destaques do ano e que com certeza brilhariam como singles, então essa falta de coesão entre as sonoridades acaba não sendo um problema muito grande, mas uma sugestão que tenho para a Chungha é organizar melhor as ideias e fazer um álbum mais consistente. “Flourishing” funcionou agora, mas uma cantora no Japão está aí mostrando que, quando essa bagunça não rende músicas fortes, a recepção do álbum pode ser desastrosa.

2 comentários sobre “ALBUM REVIEW #01 — Chungha – Flourishing

  1. Não gosto de Young in Love e Call It Love, mas amo as outras três. Uma coisa q eu acho muito legal da Chungha é que ela combina um fundo instrumental legal com refrões de verdade, então ela acaba pegando o melhor dos dois mundos. Por favor q ela nunca se renda aos drops 🙂

    Será q se a ordem das músicas fosse diferente (com Snapping e Flourishing no começo) teria ficado um álbum mais coerente?

    Faz New Moon do AOA depois 🙂

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