Rina Sawayama está de volta com a 3ª música do “Hold The Girl”, 2º álbum de estúdio adiado para o dia 16 de setembro. Depois de abrir os trabalhos com “This Hell” e servir a faixa promocional “Catch Me In The Air”, Rina lançou na semana passada a faixa título do álbum como 2º single oficial da era, e hoje tivemos o lançamento do vídeo para que eu pudesse comentar a música:
Apesar de achar a era “Hold The Girl” bem interessante a sua maneira, entendo a frustração de boa parte da minha bolha quanto ao que saiu do álbum, especialmente se compararmos com o “SAWAYAMA”. No 1º álbum da Rina os singles eram muito mais violentos, explosivos, “tiro porrada e bomba”, era a Rina chutando a porta em cada lançamento. Seja no farofão homossexual, no metalzão agressivo ou no essencial pop anos 2000, a bicha acertou em tudo que se propôs de uma maneira tão especial que ela elevou a barra para tudo quanto é artista de nicho na internet… inclusive a dela mesma. Aí temos o “Hold The Girl” e tudo parece muito… hum… linear. A sequência This Hell > Catch Me In The Air > Hold The Girl faz muito sentido e tem uma harmonia única entre essas três faixas que me encanta, mas nenhuma delas gera aquele impacto sonoro e chega aquele extremo que os singles do 1º álbum chegaram. É como ver a Rina pegando leve com ela mesma e não se pressionando tanto para entregar uma era poderosa.
“Hold The Girl” deixa isso bem explícito para mim. A música começa com Rina servindo vocais e emocionando a nação numa intro pop mais épica que lembra muito “Dynasty”, aí corta para um batidão pop e, na primeira leva de versos, um leve country do interior. O refrão volta com a sensação épica da intro combinado com batidas mais pop, e depois dele voltamos com o batidão. Falando assim não parece fazer muito sentido, mas para mim funciona. O ápice da música está no minuto final, onde a bridge começa uma crescente interessante e a Rina começa a cantar como se estivesse em uma ópera, aí entra um coral para cantar o refrão final com ela e tudo fica encantador, com o último minuto da música sendo avassalador e o meu minuto final favorito de 2022 junto com o minuto final de “Chiquita” do Rocket Punch. Mas existe um abismo entre esse maravilhoso minuto final e o resto da música que acaba parecendo ser apenas ok (Apesar de achar bom).
Agora, em uma nota pessoal: Talvez essa música tenha saído em um momento mais sensível da minha vida, mas eu realmente chorei com “Hold The Girl”. Levei essa música para um lado mais íntimo e acabei me emocionando nas primeiras vezes que ouvi, pois “Hold The Girl” bateu de uma maneira que talvez eu não estivesse preparado. Ali eu já estava cantando junto, sentindo cada segundo da faixa e me revitalizando, me fazendo segurar a garota dentro de mim e me conectando comigo mesmo. Me dói ser mais crítico e admitir que esse não é o grande trabalho da Rina, mas “Hold The Girl” é facilmente a música mais marcante dela na minha playlist (E uma das mais músicas pop que mais me marcaram nos últimos anos).
“Hold The Girl” é um single que eu pessoalmente amei. Até o momento das batidinhas pop que rola na música e é o ponto fraco eu gostei. Assim como os outros singles e a era em si, “Hold The Girl” tem personalidade, boas ideias e uma produção que encanta, mas o que acaba sendo um problema é que a Rina já mostrou que é mais transgressora, ousada e crítica do que isso. Na verdade, apesar de não ser, “Hold The Girl” parece algo safe para alguém com o catálogo da Rina, e o minuto final da faixa é aquele momento em que a gente vê que AÍ SIM a Rina está se desafiando e elevando a sua arte. “Hold The Girl” é uma faixa delicada e que me emociona e sem dúvida é um dos grandes destaques do pop no Ocidente, mas quem acompanha a Rina sabe e quer que ela vá além desses trabalhos mais suaves que ela está servindo até o momento.
Os vocais da Rina me lembrou muito da Gaga em muitos momentos (eu acho que a interpretação soou semelhante). Mas eu acho que Rina está querendo mostrar outros lados dele com esse álbum, acho que fazer algumas experimentações mas nada tão grandioso ou transgressor, ao menos, foi o que esse singles me apareceram ser. Amei Hold The Girl, uma faixa dramática e emotiva, é interessante ver esse lado da Rina.
Catch Me In The Air foi a que não me cativou em nada, ela já tava cantando essa desde ano passado na turnê e achei bem qualquer coisa, o que já me deixou em alerta sabendo que o segundo álbum não seria grandioso como o primeiro.
Ela parece realmente querer distanciar o Hold The Girl do SAWAYAMA e isso é meio triste porque o último é um dos meus álbuns favoritos da vida já, mas ela em si tem um magnetismo impregnado na voz que transformou os Singles lançados até agora em algo viciante até pra mim… Não consigo parar de ouvir This Hell e, agora, Hold The Girl. Inclusive, ficou muito na minha cabeça o fato dela ter falado que a inspiração dessa música é “Like a Prayer” da Madonna, com o início tendo o vocal quase isolado, a batida pop entrando depois (ainda que de maneira comedida) e o coral de igreja entrando no final. “Like a Prayer” é uma obra prima e “Hold The Girl” soa como uma releitura muito apropriada e trazida pros dias atuais, soa genial com todas as diferentes nuances inseridas, tira da linearidade sugerida pela faixa mas ao mesmo tempo não tem a explosão pela qual a gente fica na expectativa. Ainda sim, é viciante e passei o dia cantando ela no trabalho. VAI RINÃO!
Gostei muito dessa música! É como se eu estivesse ouvindo a Lady Gaga cantando uma música de Utada… já tinha tido essa impressão da Rina lembrar uma mistura das duas quando ouvi “Cherry”, mas em “Hold The Girl” essa impressão fica ainda mais forte.
E não estou reclamando, já que as duas artistas em questão são ótimas. E a Rina também é – e o legal é que, mesmo com essa sensação dela soar como uma mistura de Gaga e Utada, ainda assim ela soa original, única. Ela pode não ter entregado (ainda) nenhum popzão explosivo nessa nova era como “XS” ou “Comme Des Garçons”, mas provavelmente esse novo álbum dela ainda terá uma música desse tipo – e mesmo se não tiver, desde que as músicas que vierem sejam tão boas como “Hold The Girl” e “This Hell”, pra mim já tá ótimo!
(e tomara que dessa vez ela não seja boicotada pelas grandes premiações como aconteceu na era SAWAYAMA…)