ALBUM REVIEW: Koda Kumi – heart

Seguindo com essa sequência de posts financiados por um gostoso pix do @babyufo02, vamos agora falar do “heart”, o último álbum de Koda Kumi lançado em 2022. O “heart” foi um grande alívio dentro dos fãs da Kumi na minha bolha uma vez que é um álbum bom de verdade que ela não lançava há muito tempo (E deve levar outro bom tempo até ela acertar assim de novo), então vamos a mais um momento “Arrasou Sabrina Sato” e comentar o que o “heart” ofereceu de melhor (E pior) para a fanbase de J-véias que segue fiel a Kodão:

Artista: Koda Kumi
Álbum:
 heart
Lançamento: 02/03/2022
Gravadora: avex trax
Nota: 79/100

“heart” é mais um álbum de Koda Kumi. A Kumi tem um certo padrão de álbuns onde ela tenta botar todas as personas dela em um compilado de 12~14 faixas, o que tornam os álbuns dela experiências meio doidas de se ouvir, que com o tempo passaram a se tornar iguais. “AND”, “DNA”, “re(CORD)”, “heart”… todos tem a mesma (falta de) ideia conceitual, a mesma ansiedade de Koda Kumi se mostrar uma artista versátil e completa, a mesma instabilidade e o mesmo ponto de chegada. Não que isso não represente bem a Koda (Até no auge a Kodinha é essa bagunça quente aí e eu adoro), mas é inegável que a fórmula se tornou cansativa (E o fato da Koda lançar 69 álbuns por ano cansa ainda mais).

Dito isso, a execução do “heart” é bem legal. Temos a Koda farofando em faixas veranescas, a Koda do TRAP para o terror dos fãs mais véios dela, a Koda servindo no R&B, baladão, latinidades e por aí vai (Só faltou mesmo um pop rock safadíssimo). Mas, tal como o “Remember You” da Ayumi Hamasaki, parece que a Koda Kumi conseguiu passar o cartão em demos mais fortes, e isso faz o “heart” ser, consequentemente, um álbum mais forte. Musicalmente é um álbum um pouco mais honesto com a Kumi, com ela não tentando emplacar qualquer que seja a trend mais descolada do momento, mas se divertindo com o que a faz feliz lançando.

“heart” é o melhor dos 200 álbuns, coletâneas, EPs, remixes e outros projetos que a Koda Kumi lançou nos últimos 5 ou 6 anos. É um álbum que representa bem o coração da Kumi (E os melhores álbuns dela): Ele não segue fielmente um conceito ou linearidade musical, mas manda bem na maior parte das músicas que ela botou aqui, fazendo do “heart” um álbum mais interessante e menos cansativo que o habitual. Obviamente isso soa mais como golpe de sorte do que algo planejado, uma vez que essa mulher é frenética e lança quase tudo que botam para ela ouvir, mas é legal ver a cantora sendo ao invés de tentando ser descolada, para variar.

Faixa a Faixa

O álbum começa com “Bow Wow”, um trapzão de bandida gostosa que ela vem metendo frequentemente nos álbuns desde que descobriu o trap. Gosto do fato dessa música ser bem mais cadenciada e sexy do que os batidões agressivos que a Kumi costuma fazer nesse estilo. É uma grande música? Não, mas é uma música que gosto de ver ela lançando, então é claro que vivi uns bons momentos ouvindo isso aqui. Poderia ter feito um MV no puteiro apontando armas pra cima e baixando o nível com essa música, mas os tempos são outros e nossa MC Naninha japonesa está segurando um pouco mais o tesão. “Sure Shot” já é o farofão desbocado e barulhento que Kumi também gosta de lançar. Essa Kumiko menos séria e bagunceira normalmente salvava os piores momentos da Kumi, mas como esse álbum não é ruim, “Sure Shot” não precisa se preocupar em segurar a cantora e está ali para ser a faixa divertida e mãezona que brinca com o filho que é.

“Atlas” segue com a Kumi sendo divertida em uma farofinha, numa mistura do que um girlgroup de K-pop do 3º escalão lançaria em 2015 com o que, sei lá, Cher Lloyd desovaria lá no 1º álbum de estúdio dela. A combinação sugere que essa seja a pior música que você vai ouvir na vida mas, confia em mim, foi bem legal ouvir isso aqui. “Good Time” traz a participação da AI em um batidão tropical para ouvir na praia e viver bons tempos em algum verão. Para o azar da Kumi as partes mais memoráveis comigo foram as da AI nessa música, pois o timbre da AI é algo que eu posso ouvir sempre e nunca me canso de aclamar como essa mona é boa, mas no geral é uma faixa bem refrescante e suave (Para os padrões de Kodinha). “Outta My Control (feat. OZI)” sugere que vamos ter o primeiro momento mais acústico e lento da cantora, mas os sintetizadores vão entrando e a música acaba se transformando em um batidão R&B que tenta ser mais expressivo na base dos vocais da Kumi e dos raps do OZI. Funciona até certo ponto, mas no fim do dia é uma experiência de 3 minutos que não empolga do jeito que deveria.

“Anemone” foi uma fan favorite daqueles que ouviram esse álbum mas, pelo menos comigo, não foi tão empolgante não. É aquele pop mais lento e introspectivo que foca nos vocais mais intensos e graciosos que a Kumi tem, o que é sempre um acerto mas é uma coisa que não colando na minha playlist, pessoalmente falando. Os momentos mais diferentes do instrumental, como a ponte e as inserções do violino, são elegantes e as partes mais memoráveis da música. Já “100 no Kodoku-tachi e” é um baladão no piano de quase 6 minutos que vai ganhando elementos até virar uma balada anos 2000 de Sandy e Junior. Não é ruim, mas tem que ter paciência e muito foco para aguentar uma música do tipo e lá pelos 3 minutos a música já tinha me perdido.

“to be free” é a 1ª música daquele infame “Summer Of ’21” que a Kumi desovou para os sobreviventes da fanbase dela (E que com certeza matou mais alguns fãs ali mesmo), mas essa música é muito fofa e o melhor que aquilo proporcionou. Fora daquela energia negativa e dentro desse álbum, “to be free” é um momento mais leve e final de dia na praia com a pele mais bronzeada e um refrescante suco de abacaxi e a brisa do mar batendo no meu rosto. É uma música simpática e docinha, bastante agradável. “RED” é o momento “Maria Mercedes” de Koda Kumi, baixando a demo latin pop mais 101 que ela conhecia e cantando como se tivesse nascido em Medellin na Colômbia. Mostrando a força da mulher latina e o sangue quente correndo nas veias dessa senhora, “RED” é a minha música favorita do “heart”.

“4 More” seria uma ótima forma de finalizar o álbum: Um R&B classudo e performático, onde Kumiko mostra potência e elegância em uma música que facilmente estaria no “Kiss My Lips” da BoA (E isso é um baita elogio). Junto com “Atlas”, é um momento mais K-pop de Kumi, mas indo para o outro lado e servindo mais diva pop do que nunca. É uma pena que ainda temos dois singles do “Summer of 21” para serem inseridos nesse álbum, então o “heart” acaba afundando na terrível “Doo-Bee-Doo-Bop” (Uma das piores músicas que a Koda lançou em anos) e a básica “We’ll Be OK”, que até melhora dentro do álbum também mas é totalmente esquecível. Mas tirando esse final de álbum, o “heart” se segura muito bem e é um álbum da cantora que vale a pena ouvir.

Conclusão

“heart” é um passo na direção correta. Mesmo sabendo que a Kumi vai dar uma dúzia de passos errados antes de lançar outro álbum tão bom quanto, “heart” é um álbum que a gente aproveita pelas músicas boas e divertidas que ele possui.