I’VEUM IVIEW: IVE – I’VE IVE

Acredito que o grande evento desse mês de abril no K-pop foi o lançamento do 1º álbum de estúdio do IVE, “I’ve IVE”. Depois de 3 singles e mais de um ano servindo porções, IVE trouxe a sua primeira grande refeição para o Coreia do Sul com 11 faixas prontas para representar um dos grandes fenômenos do K-pop atual, e os coreanos vem consumindo o grupo muito bem com o álbum conseguindo 2 singles com o certificado Perfect All Kill (Coisa que só o 2NE1 tinha feito entre os girlgroups). Mas será que essa experiência de 34 minutos valeu a pena ou o IVE é apenas um grupo de singles? Vamos descobrir isso agora:

Artista: IVE
Álbum:
 I’ve IVE
Lançamento: 10/04/2023
Gravadora: Starship Entertainment
Nota: 71/100

Álbuns de estreia, para mim, são os mais complicados de se avaliar no K-pop. Especialmente envolvendo grupos, onde a gente já espera que os álbuns de estreia sejam bem mais ou menos por terem muitas mentes para poucas ideias concretas. Grupos de K-pop são, obviamente, fabricados e planejados para vender aquele single, aquele comeback , aquela era, mas isso não envolve exatamente um álbum bom. Hoje em dia existe até uma preocupação maior nas músicas do álbum serem tão boas (Ou até melhores) do que a música principal, mas ninguém se importa. O que importa é Jang Wonyoung estar belíssima para garantir mais um álbum million seller para o IVE, e isso foi garantido.

Dito isso, foi um movimento inteligente da Starship transformar o 1º álbum do IVE no álbum com a ideia mais supérflua possível. Botar o nome no álbum de “I’VE IVE”, fazer a capa do álbum ser apenas o nome do álbum e do grupo, não servir uma identidade visual direcionada ou com algum conceito mais forte, tudo isso para não ter uma identidade visual forte e marcante no álbum de estreia do grupo para o conteúdo musical não ser ofuscado pelo conteúdo visual. “I’ve IVE” pode ser qualquer coisa a qualquer momento e em qualquer lugar, pois o IVE em si ainda não tem um grande conteúdo para servir um álbum conceito, coesão e aclamação.

E aí chegamos as músicas, que são exatamente isso. Muitas ideias, muitas sonoridades, muitas direções para um único produto. Isso pode ser visto de duas maneiras: OU o IVE não tem identidade musical e atira para todo lado dentro do álbum pois o que importa é o single babilônico que elas lançaram, OU o IVE está experimentando diferentes estilos para ver qual é o que será mais abraçado pelo público e, assim, seguir carreira. Ambos os casos refletem bem o que é um IVE: Apesar de ser um grupo que tem um sucesso consolidado que deve liderar a geração por um bom tempo, ainda é um grupo novo que tem muito o que descobrir.

“I’ve IVE” é um álbum muito mais preocupado em entregar músicas legais que fazem o álbum ser legal como consequência. E o álbum faz isso bem, com a maior parte das músicas sendo de experiências interessantes. Muitos refrões nesse álbum são empolgantes e isso acaba matando parte do potencial desse álbum, mas levando em conta o histórico de álbuns bem meia boca que a Starship costuma lançar, “I’VE IVE” já é uma vitória. É um álbum longe de ser perfeito, mas mostra bem o que dá certo (E o que não dá certo) na vida do IVE, e a partir disso os envolvidos no grupo podem trabalhar em um disco mais uniforme e consistente no futuro.

Faixa a Faixa

O álbum começa com “Blue Blood”, já mostrando a principal força de um girlgroup de K-pop que é um pop intenso com um pézinho na apropriação cultural que faz qualquer ouvinte virar a Giovanna Antonelli. Todo girlgroup que já tentou emular oriente médio tem uma dessas no currículo e é sempre uma delícia de ouvir, e com o IVE não foi diferente. Só esperava um refrão um pouco mais vibrante e menos linear ao resto da faixa, mas nada que prejudique a música como um todo. Já “I AM” é o puro pop que já conhecemos e amamos ver o IVE fazendo. Foi noticiado que essa música era para ser da Ava Max antes de parar no colo do IVE, e faz todo sentido levando em conta o histórico de eletropop que a Ava vem se propondo a lançar na carreira. Sorte do IVE que a música chegou até elas, pois combina perfeitamente com o histórico de singles que o grupo vem lançando também. Outra ótima faixa principal para as meninas.

“Kitsch” surge como o primeiro momento mais “experimental” para o IVE, onde as meninas são forçadas a sair do pop mais confortável para entregar batidas menos amistosas e sintetizadores mais agressivos. Os versos funcionam por serem mais leves e criarem uma atmosfera mais agradável, mas chega o drop e a música desanda caindo no mesmo buraco daquelas músicas com drops horríveis que são a assinatura do Teddy. Mesmo achando a faixa mais desanimadora do que ruim, ainda é um tropeço. “Lips” recupera o fôlego com um pop com pegada mais reggae sem grandes pretensões de ir além de uma faixa para encher álbum. Um filler sim, mas um bom filler que eu simpatizo e canto junto. “Heroine” é a 1ª faixa mais cadenciada do álbum, que não é um baladão porém dá uma boa desacelerada no projeto. Acredito que o refrão aqui poderia ser mais marcante e belo se explodisse com mais instrumentos (Ou seguisse a pegada da ponte, que é o grande momento dessa música) e isso faria a música ser menos esquecível, mas o fato do IVE não se repetir nessa 1ª metade do álbum com pops de diferentes estilos soa interessante, e me deixa curioso para ver o que vem na segunda metade dele.

“Mine” traz um IVE mais fofo, mas totalmente esquecível. A batida é básica demais e essa música precisava de um twist de que nunca vem, e a música acaba parecendo girar em círculos sem chegar em lugar nenhum. Durante a faixa “Mine” não me ofende, mas quando eu termino de ouvir fico “Ué, é só isso mesmo?” e sinto que perdi a toa 3 minutos da minha vida. Já “Hypnosis” traz a tensão de grande gostosa e menina malvada num trapzão que funciona muito comigo, sendo o grande destaque das faixas inéditas do álbum. Dentro do que o álbum e o IVE, esse é o “experimental” que dá certo, fugindo do que a gente espera do IVE e mesmo assim entregando uma faixa insana e deliciosa. O fato de ser curta demais talvez não ajudou a música a subir como faixa promocional, mas ela deveria ser single no lugar de “Kitsch”. Já “NOT YOUR GIRL” é uma música de verão para promover algum refrigerante na Coreia sem tirar nem pôr, ou seja, mais um fillerzão agradável que dá vontade de cantar junto.

“Next Page” já desacelera de novo as coisas para indicar que o álbum está chegando ao fim, e é também o início da parte mais desinteressante do “I’ve IVE”. Essa daqui tem o mesmo problema de “Mine”, sendo uma faixa que gira em círculos sem ter uma direção muito interessante, e facilmente passa batido dentro do álbum. “Cherish” tem uma ideia legal mas deveria ser mais house noventista para ser mais icônica, pois desse jeito são 3 minutos de uma música despretensiosa demais com um refrão legal que todo girlgroup de 2º escalão lança para encher linguiça no álbum, e “Shine With Me” é o grande baladão mais vocal do álbum, mas não rola nenhum momento marcante ou que me deixe encantado pelos vocais ou emoções transmitidas pelo grupo. Tá, o final da música é mais bonitinho, mas nada que tire muitos suspiros, sabe? Vai ser um bom encore para finalizar futuros shows do grupo e nada além.

Concluindo…

“I’ve IVE” não é um álbum que introduz muito bem alguma identidade que o IVE pudesse ter hoje, mas mostra potencial para o que o grupo pode vir a se tornar no futuro. Tem muitas ideias legais no álbum que, se forem desenvolvidas em projetos mais amplos e direcionados, podem render grandes trabalhos para o grupo no futuro. Resta saber se a Starship está afim de fazer isso com o IVE agora ou vai esperar o grupo não conseguir mais pegar #1’s na Coreia com a mesma facilidade para se esforçar e fazer o grupo entregar o seu “Eyes Wide Open”.

7 comentários sobre “I’VEUM IVIEW: IVE – I’VE IVE

  1. “(Coisa que só o 2NE1 tinha feito entre os girlgroups)”

    Vale ressaltar que apesar do 2ne1 e de vários outros grupos de gerações passadas como o sistar terem ido bem nos charts não significa que elas eram de fato alguém, todos sabem que o sistar é um B-list por ter only digital, sem fanbase, logo sem demanda também, não é atoa que park bom, CL, minzy e dara estarem mortas e enterradas hoje em dia
    Flower de park bom? out do top30 menos ouvintes únicos que o nct dream que não dura 5 dias no top10
    spicy de CL? menos ouvintes únicos que as músicas da escritora jung
    Teamo de Minzy? menos ouvintes únicos que os peidos da DJ hyo
    2ne1 maior farsa da industria only digitais

    • Misericórdia, O QUE o drop de Kistch tem a ver com o Teddy 😭😭😭 ofendeu a monotree de graça

      • “grupo sem pak” kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, é tudo que esse grupeco tem que pra se orgulhar mesmo, já que não tinha fanbase maior que do snsd
        pak tão bom que o sistar tinha até com unit e mesmo assim morria pra encher um show com 10k de pessoas, gente?
        oq é melhor, ter pak ou ter tokyo dome? pq o snsd tem tokyo dome e ainda tem solista viva hoje em dia
        2ne1 nem um nem outro, elas morreram (nunca nasceram)

  2. Nos três singles que o IVE lançou, eu achei que as B-sides estavam equiparadas aos singles, “Take it”, “Royal” e “Satisfaction” vieram tbm com um batidão marcante. Entendo que se todas as músicas fossem ao nível dessas, talvez o álbum ficasse cansativo (ficaria não, Ava Max taí pra provar isso), mas é pra isso que servem EPs né. Nota mais do que merecida.

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