Ouvindo o novo álbum do CHAI que se chama “CHAI” por pressão popular de 1 pessoa me pedindo (Talvez o próprio CHAI)

Na semana passada a banda japonesa CHAI liberou seu novo álbum de estúdio, CHAI. Até onde eu sei a banda tem uma aclamação entre a parte mais mais Santa Cecilier/Vila Madalener da sociedade (Tanto que esse álbum foi avaliado pela pitchfork com uma nota melhor que todos os álbuns de K-pop por lá), então vou assumir aqui que o grupo é bem interessante com o seu nicho. Aí tem um @ no twitter me pedindo para falar sobre o novo álbum (Que só fiquei sabendo por ele mesmo) e, bem, eu lembro de ter curtindo o WINK quando ouvi, então que mal teria ouvir o álbum novo delas né?!

Eu conheci o CHAI pelo anúncio delas no Primavera Sound do ano passado. Não consegui nesse evento que aparentemente foi catártico para toda unidade de homossexual que esteve naquele local, mas ouvi algumas vezes o álbum que elas tinham lançado na época, o “WINK”, para saber do que se tratava. Lembro de alguma música ou sonoridade em específico nele? Não, mas lembro que tive uma experiência bem legal como um todo ouvindo ele. “CHAI”, o 4º álbum de estúdio da banda, seria como se fosse eu experimentando o grupo pela primeira vez “de novo”, mas com boas expectativas do que poderia receber me aventurando aqui.

Dito isso, fiquei surpreso com o tanto de synthpop flertando com o city pop que esse álbum entrega. O álbum todo é trabalhado em melodias pop dos anos 80 e 90 mais moderninhas e, huh, fofas. Descrevendo assim essa não é uma grande novidade no asian pop, mas é um estilo que me agrada muito. As batidas mais cadenciadas em algumas músicas já eram o que eu esperava, mas me surpreenderam algumas coisas mais dançantes no álbum. Não um dançante tipo “homossexuais fritando e batendo cabelo num farofão crocantíssimo”, mas dançante tipo “Encalhada que toma duas taças de vinho e se deixa levar pela música”. CHAI é um grupo alternativo, e o CHAI é o tipo de coisa que as alternativas vão amar.

Alguns destaques do álbum:

“PARA PARA” não é aquela homenagem caótica e eurobeat que eu espero com uma música desse nome, mas é um número pop disco muito gostoso de ouvir, com o MV emulando TV anos 80 elevando o nível do single. Amo o refrão dessa música e a produção que vai fundo na ideia mais retrô, como se eu estivesse ouvindo mesmo uma música pop em um vinil de 1982.

“From 1992” pega mais a ideia de deixar a música mais psicodélica através de um synthpop mais animado e vibrante. Essa aqui é uma grande armadilha para quem gosta de pagar de hipster na internet então é óbvio que já estou pronto para usar “From 1992” em alguns stories do instagram que ninguém vai entender que raios é essa música.

“I Can’t Organizeeee” poderia ser algo que o Nakata produziria para a Toshiko cantar na segunda metade do METRO PULSE. Tem uma pegada retrofuturista que faz essa música de lounge ser um destaque interessante para mim.

Por fim, a faixa que abre o álbum. “MATCHA” é mais fiel ao estilo “Música de lounge” e é uma música ambiente perfeita para qualquer lugarzinho mais pedante do centro da cidade de São Paulo, mas a cadência é, ao mesmo, delicada e pesada que me prende a atenção.

Mas o álbum todo é muito bom. É um pop alternativo que com certeza não alcança as rádios ou o mainstream, mas quem gosta dessas experiências mais eletrônicas e “sinta a vibe” vai curtir muito esse álbum.

Se eu lembrar de ouvir mais o álbum, tenho certeza que o CHAI será um dos meus vícios. As melodias são cintilantes e amistosas, o vocal meio que não é para qualquer um mas combina muito bem com os instrumentais, dando um ar mais psicodélico e confiante para boa parte desse material. Em um ano onde poucos álbuns no K-pop e no J-pop estão sendo realmente memoráveis, um álbum com o conceito sonoro redondo e gênero forte acaba sendo realmente expressivo para mim, com o CHAI garantindo uma das experiências mais interessantes que tive ouvindo um álbum novo em 2023.