Review Retrô: Quando Namie Amuro caminhou no inverno para ressuscitar a carreira em “Baby Don’t Cry”

Em 2007 Namie Amuro passava por dificuldades para voltar aos tempos áureos do início de sua carreira solo. Ayumi Hamasaki e Utada Hikaru seguiam firmes como as grandes rivais do mercado japonês, Koda Kumi botava sua calcinha jeans e fazia do ero kakkoi um evento, e para complicar ainda mais a vida da Namie os anos 2000 foram a era de ouro das solistas no Japão, onde qualquer coitada conseguia emplacar um grande hit no J-pop, então a concorrência estava selvagem. Foi uma fase complicada, mas Namie conseguia aos poucos voltar pro jogo: Ela virava um modelo de mãe solteira no Japão, sua fashion trend “amuraa” começava a atravessar gerações de jovens japonesas, a skin rainha do Hip-Pop começava a ser bem aceita pelo público e as suas vendas cresciam devagar mas significativamente.

Namie ainda era um nome relevante no J-pop, mas faltava aquele grande hit que botasse a mulher de volta no topo e mostrasse para a avex quem era a verdadeira fodona dali… E esse grande hit veio em 2007, com “Baby Don’t Cry”:

Essa safada não vai mesmo botar os PVs completos no Youtube, então fiquem com esse maravilhoso cover de 2020 recriando o vídeo. De qualquer forma, “Baby Don’t Cry” está disponível no Spotify

“Baby Don’t Cry” é o 30º single da carreira da Namie, servindo como tema do Drama Himitsu no Hanazono. Em termos de números, “Baby Don’t Cry” é O grande hit da Namie anos 2000: O CD físico alcançou o 3º lugar na Oricon e vendeu em torno de 144 mil unidades, algo que Namiezão não conseguia desde 2001 com “Say The Word”. Digitalmente, um desempenho impressionante: 1 milhão de ringtones e 750 mil downloads em todos os formatos, transformando “Baby Don’t Cry” no primeiro million seller da Namie Amuro desde 1997. “Baby Don’t Cry” fez Namie Amuro voltar de vez para o 1º escalão do J-pop, liderando as vendas tanto do retorno de Namie ao #1 da Oricon com “PLAY” quanto do aclamado e million seller “BEST FICTION”.

“Baby Don’t Cry” é uma das baladas mais populares e amadas do catálogo da Namie hoje em dia, e não é por acaso. “Baby Don’t Cry” surgiu no início da parceria de longa data entre Namie e o produtor Nao’ymt, e dá certo pelo ar de frescor e novidade que essa música tem. Mesmo sendo descrita como uma “midtempo ballad”, “Baby Don’t Cry” é vibrante e delicada em sua produção, não deixando cair no óbvio do voz e piano e trazendo elementos para o instrumental que deixam a faixa com mais vida do que uma midtempo habitual. A Namie não tem aquele alcance vocal que outras J-divas possuem e eles sabiam disso, tanto que “Baby Don’t Cry” é uma faixa que respeita até onde o vocal da Namie pode ir e vice-versa. A combinação funciona, e esse single fica extremamente elegante e charmoso em seus 5 minutos de duração.

“Baby Don’t Cry” se destaca como uma grande balada por ser uma música que vende muito bem a ideia de ser uma música para escutar no inverno, e muito mais inspirada se compararmos com o padrão de baladas de inverno que temos no Asian Pop. São muitas baladas no piano e muitas baladas acústicas desovadas por minuto, e “Baby Don’t Cry” não tem nada disso: É uma midtempo mais animada, mais vida e que traz mais emoção ao ouvinte. O refrão é delicioso, sing along e contagiante, e a ponte é o momento onde Namie ganha mais força e serve todo o sentimento e confiança que quer passar com a música. “Baby Don’t Cry” foi feita para ser atemporal, e que bom que ela conseguiu.

A Namie Amuro foi muito feliz na fase R&B dela, e várias das melhores músicas da cantora saíram nesse período. Entretanto, “Baby Don’t Cry” é tão cintilante e mágica de ouvir que é impossível eu não me apaixonar cada vez que eu ouço. “Baby Don’t Cry” não é só a minha baladinha favorita da Namie como uma das melhores músicas da cantora, pois é uma música que me inspira a caminhar no frio de sobretudo e bota pelas ruas de São Paulo, e me deixa feliz simplesmente por poder ouvir uma música tão bonita.

2 comentários sobre “Review Retrô: Quando Namie Amuro caminhou no inverno para ressuscitar a carreira em “Baby Don’t Cry”

  1. Eu gosto mais dos R&Bs sensuais cheios de “Engrish” no repertório da Namie, mas realmente, “Baby Don’t Cry” é uma música bastante agradável. É uma baladinha leve e animada (difícil falar em “baladinha animada”, mas ela conseguiu esse feito), e a voz dela está ótima. Não sabia que tinha sido esse sucesso todo, mas a Namie merece!

  2. Lembro de quando eu decidi fazer um intensivão de música asiática com o falecido blog ASIANMIXTAPE (sdds Bruno) e resolvi baixar TODO o acervo que tinha até janeiro de 2018. Quando finalmente cheguei nas músicas favoritas de Namiezão do Bruno e descobri as baladas dela, não tinha gostado de nenhuma. Até que em julho de 2019, dei atenção a algumas divas do j-pop nos meus downloads e passei um pente fino na discografia dela, p/ ver o que ainda faltava ouvir, e no meio delas, descobri Querido Não Chore. Achei estranho que essa música não tenha aparecido nas 25 músicas favoritas de Namiezão do Bruno, mas o que importa é que eu descobri. Uma música gostosinha de ouvir de vez em quando (até porque ela me faz lembrar de um certo alguém), e a única balada dela que eu gosto justamente por sair do lugar comum e se tornar uma power ballad, um pouco mais agitadinha do que as outras. E isso suscita um questionamento: será que Namie poderia ter uma parte da discografia dela dedicada a boas power ballads, assim como Utadão e Crystalzão?

Os comentários estão desativados.