Na parte anterior: Começamos o top 100 já chutando TWICE e BLACKPINK que não tiveram grandes anos musicalmente falando mas serviram seus bopzinhos para aparecer entre as 100 melhores músicas do ano. E agora vamos para mais 15 músicas que fizeram a minha playlist mais icônica em 2022. Metade delas você provavelmente nunca ouviu falar e a outra metade a Coreia não fez questão de dar mais de 10 streams, mas o importante é servir qualidade e recomendar outros 15 bops que vocês merecem ter na playlist com minha refinadíssima curadoria:

85. Fujii Kaze – Matsuri

2022 foi um ótimo ano para o Fujii Kaze com o aclamadíssimo “Love All Serve All” conseguindo um #1 em todos os charts do Japão e o viral “Shinunoga E-Wa” alçando o nome do cantor para níveis globais. E comigo ele garantiu mais um hit na minha playlist com “Matsuri”, que segue a mesma linha de pop refrescante e relaxante que não pega de primeira mas você fica rapidamente preso nos vocais absurdamente gostosos do cantor e na elegância do instrumental que forma uma bela arte auditiva, e quando menos percebo já estou viciado em mais uma música dele. “Matsuri” é um pop cadenciado e adorável que serve uma boa companhia para qualquer momento.

84. Kyary Pamyu Pamyu – Isshin Doutai

O Nakata tem uma certa mania de usar o mesmo estilo musical para todos os seus atos quando ele está focado com algo. Como a onda agora está em synthwave oitentista, tudo que ele produz tem a mesma referência e as meninas que se virem para dar personalidade a coisa toda. Mas nessa trend dele seus atos até que estão conseguindo essa personalidade e lançando coisas com a própria identidade. “Isshin Doutai” da Kyary, por exemplo, tem características de uma música mais doida e fora da casinha que um bom trabalho da Kyary costuma entregar. “Isshin Doutai” é retrô e camp com um instrumental meio exagerado e muito grudento, e a Kyary consegue aqui mais um grande single no currículo.

83. Momoland – Yummy Yummy Love (feat. Natti Natasha)

O Momoland é um caso particularmente curioso: Depois de afundar mais rápido do que o esperado por conta de saídas de integrantes populares e um ou outro barraco de bastidor, o grupo resolveu virar um grupo de grandes gostosas que cantam músicas sobre sexo das mais diferentes formas. A essa altura, o que elas tem a perder não é mesmo? Começou em 2022 com o sexo em forma de web música “Wrap Me In Plastic”, continuou com o sexo latino “Yummy Yummy Love”, em parceria com a Natti Natasha (Outra que hitou e afundou bem rápido também). Elas serviram latinidade, baixo orçamento e um hino que todo nugu com um sangue latino gostaria de ter.

82. woo!ah – Rollercoaster

De alguma forma woo!ah sobreviveu ao ano de 2022 e ainda existe no K-pop a ponto de pegar demos de produtores populares da Coreia no saldão e emocionar a nação nugu lançando uma “Talk That Talk” do TWICE melhor do que a própria “Talk That Talk” do TWICE. “Rollercoaster” traz aquela energia de pop libertador, com uma sonoridade leve e vibrante que me faz esquecer um pouco os problemas da vida para me sentir uma jovem coreana em um synthpop puro e mágico como o desse refrão. “Rollercoaster” consegue transmitir toda a excitação, pureza e intensidade de um amor jovem de forma extremamente adorável, e por isso merece aparecer por aqui.

81. Lee Chanhyuk – Time! Stop!

Apesar do Lee Chanhyuk ter a alma e gosto musical de um senhor de 40 anos que cresceu ouvindo Duran Duran, ele ainda é um jovem de 26 anos que tem seus questionamentos sobre a vida e se ele aproveitou tudo que tinha para aproveitar. Isso é um tema que todo jovem adulto passa na vida, mas o Chanhyuk conseguiu transmitir tanta delicadeza (E um pouco de ateísmo) em “Time! Stop!” que você nem sente que ele canta sobre estar na beira do abismo querendo que o tempo pare para ele ter mais tempo de viver. Talvez ele seja apenas um moleque perturbado, mas aposto mais nele sendo um artista brilhante com canções belíssimas como essa.

80. Rei – Playful Mind

Tudo bem que nenhuma pós-E-girls está tendo uma promoção digna depois que o grupo mas nossa, até a Washio Reina que parecia ser a grande aposta solo da LDH não ganhou nenhuma notinha com o álbum que ela lançou em ABRIL e eu descobri por acaso 6 meses depois. Enfim, nada no “Just Wanna Sing” muda tantas vidas assim, mas tenho que destacar “Playful Mind” que é um popzinho eletrônico sofisticado e com vocais primorosos. A Rei realmente tem um timbre impecável, e músicas como “Playful Mind” valorizam ainda mais a forma delicada dela cantando, criando uma melodia apaixonante em todas as nuances que uma música como essa tem a oferecer. Para quem quiser saber como seria o Loona se tivesse lançado uma música boa de verdade esse ano, “Playful Mind” está aí para cumprir o serviço.

79. Seulgi – 28 Reasons

O que dá certo em “28 Reasons” que não dá certo nos singles que o Red Velvet lançou esse ano é que ele é conceitualmente… adequado. Com isso entenda que o conceito foi feito para a artista, e vários pontos se destacam nele: A voz da Seulgi casou muito bem com essa música mais crua e sombria, o desenvolvimento devagar com os elementos entrando de forma sutil é intrigante, a melodia deixa o ouvinte em transe e tudo mais. Não é uma música com um ponto em específico que faça a gente pensar que é boa, mas vários pontos que transformam um trabalho como esse em arte.

78. Apink – Dilemma

Um dia a história será revisada e “Dilemma” será considerado um dos grandes singles da carreira do Apink. Até lá, eu sou uma das 3 pessoas que não só lembra da música como faz questão de defender mais uma delícia homossexual das madrinhas gls do K-pop. Um refrão melhor e essa música voaria ainda mais nesse ranking, mas “Dilemma” é uma música dramática e poderosa, com um instrumental elegante e classudo para a comunidade fazer muito carão e pose na boate Zig. “Dilemma” é um popzão de primeira linha que o mundo irá reconhecer um dia.

77. G.E.M – THE END OF NIGHT

O “REVELATION” da G.E.M foi um álbum que acabei gostando bastante (E compensou aquela coisa mais ou menos que foi o “City Zoo”), e mesmo que a experiência do álbum pareça ser melhor com o visual film que a querida montou para esse projeto, ouvir só as músicas já me fez uma pessoa mais feliz. “THE END OF NIGHT” é uma das minhas favoritas, indo pelo caminho clássico da G.E.M de instrumental mais introspectivo que vai ganhando camadas até explodir em um rockzão que encanta qualquer audiência e vocais belíssimos. A música em si não é um grande feito na vida da G.E.M, mas quando é bem feito ela se destaca facilmente entre as demais.

76. TÓC TIÊN – 1 CỌNG TÓC MAI (feat. TOULIVER)

Toc Tien passou batido comigo em um 2021 mornaço, mas a mulher resolveu lembrar que é uma diva das baladas GLS esse ano com o “CONG”, 1º álbum da cantora em mais de uma década (!). “1 CỌNG TÓC MAI” é um dos singles do álbum, e traz toda a magia de um dark pop com sintetizadores pesadíssimos, uma guitarra pelo rock e uma letra bastante babadeira e empoderada sobre não chorar por homem. É quase como ouvir alguém tentando fazer o “The Fame Monster” da Lady Gaga acontecer e, no final, servir uma excelente album track inspirada nesse grande álbum. Pontos para a Tien pelas referências, a letra lacrativa e o babado todo.

75. Chungha – Sparkling

A Chungha começou mais uma saga para lançar o 2º full album “Bare & Rare”, e na primeira parte tivemos “Sparkling”, outro synthpop oitentista que vocês verão muito por aqui. Nesse single, a Chungha cumpre muito bem a sua máxima de não reinventar a roda, mas fazer a roda bem feita: Uma música animada, dançante e contagiante do início ao fim. Ela é muito boa em fazer o básico porém ótimo pop de diva pop, e “Sparkling” nada mais é do que uma ótima faixa pop de diva pop.

74. AKB48 – Motokare Desu

Não é segredo para ninguém que o AKB48 funciona muito mais comigo quando lança músicas que não parecem ser músicas do AKB48, e “Motokare Desu” é um grande exemplo disso. O popzinho idol mais carismático foi deixado de lado para ganharmos mais uma farofa pop poderosa e performática. É como ver o coral da igreja de Akihabara se libertando da igreja e servindo o girlgroup de evangélicas moderninhas e populares que todo gay gosta de aclamar e tornar controverso desde a ascenção de Priscilla Alcântara no pop. “Motokare Desu” é uma faixa deliciosa que talvez não funcione tanto com quem gosta do sonzinho idol mais clássico do AKB, mas que diverte todo fã de idol pop.

73. NMB48 – Janjan

Essa daqui é bem adição de última hora mesmo pois vi ontem a Rafa publicando essa música no Top 100 dela falando que essa é a grande delícia retrô dos G48 esse ano, e embora não bata de frente “Sure, Jaane”, qualquer música que evoque o insano eurobeat de Namie Amuro with Super Monkeys em pleno 2022 merece ser mencionado. Sim, eu não tenho o menor respeito nem mesmo pelas minhas escolhas e vocês nunca saberão quem foi chutado dessa lista desse jeito tão dramático, mas acho que vocês merecem ser agraciados por uma farofa de Dance Dance Revolution saída diretamente dos anos 90 sendo lançada hoje em dia, então fiz essa grande exceção (E ouçam completa no spotify já que o áudio oficial está bloqueado no YouTube).

72. Miru Shiroma – Bye Honey

Falando em NMB48 e Namie Amuro, a ex-integrante Shiroma Miru graduou do grupo para focar em sua carreira solo, e aparentemente ela vai tentar segurar o rojão e servir grandes farofas pop que fizeram sucesso na década, seguindo os passos de grandes artistas do J-pop como Namie Amuro, Meisa Kuroki e Tomomi Itano. A minha favorita dela esse ano é “Bye Honey”, que seria facilmente uma farofa eletropop do “Get Ready” da Tomochin e isso é um grande elogio, pois aquele é um dos melhores álbuns de patricinha pop já feitos no asian pop e ela está no caminho certo para ser a J-diva que o Japão vai flopar com gosto em pleno 2022 mas precisa ter.

71. Suzy – Cape

Sabe-se lá porque raios a Suzy resolveu lembrar que é cantora esse ano mas amo que a gata resolveu adotar a persona rockeira de garagem em 2022 e, bem, serviu 2 hinos bem fossa para me fazer muito triste ouvindo. “Cape” é Loveholic 101 e Loveholic é a minha banda de rock coreano favorita, e a Suzy praticamente emulando a voz da Jisun foi o tipo de prazer que eu não esperava sentir em 2022. Quem diria que os vocais mais blasé do miss A um dia emocionariam em uma faixa pacífica, confortante e tocante? É a Suzy sendo artista até mesmo quando só quer brincar de ser artista.