Todo artista tem aquela música que não ganha a devida promoção, fica meio escondida como album track ou b-side e acaba desperdiçando o potencial de uma música icônica que é fácil um dos auges da carreira. E o Lado B nasceu para comentar essas grandes músicas que o artista não fez questão de divulgar mas que eu ouvi e acho que merecem muita atenção.
E hoje temos Utada Hikaru, que recentemente lançou o álbum “BAD Mode” e eu não estava levando muita fé nesse álbum até que “Somewhere Near Marseilles” resolveu ser uma música gigante (literalmente), carregando o álbum e se tornando um dos grandes destaques desse início de 2022:
Hoje em dia imaginar uma música com mais de 4 minutos parece uma loucura nessa era de TikToks onde e streaming massivo onde músicas mais curtas são mais fáceis de viralizar e acumular números grandes. Não que seja impossível, mas hoje em dia uma Ayumi Hamasaki não daria conta de vingar um dos baladões clássicos de 6 minutos que fizeram história nos anos 2000 em 2022, por exemplo. Faz parte, é a nova fase da música e, assim como temos aqueles que seguem a onda, temos aqueles que gostam de ir contra a maré. E aí entra Utada Hikaru.
Quando Utada anunciou o BAD Mode com tracklist e tudo mais, uma música me chamou atenção: “Somewhere Near Marseilles” é uma música com quase 12 minutos de duração. Sim, DOZE MINUTOS em um único tiro. Se botam Pabllo Vittar para ficar presa em um estúdio sai um EP de 6 músicas que é capaz de ser ainda menor que essa música. “Somewhere Near Marseilles” poderia ser absolutamente tudo e nada ao mesmo tempo, pois uma música de 12 minutos tem a possibilidade de viver, morrer e renascer sem sequer ter terminado de tocar. Poderiam ser 12 minutos de um farofão eletrônico crocantissimo ou de um baladão que emocione milhões, e dá para esperar de tudo se tratando de Utada Hikaru.
Mas nada me preparou para 12 minutos de puro batidão pop. “Somewhere Near Marseilles” obviamente é uma música mais instrumental do que vocal, pois Utada quer que você sinta a bala batendo do mesmo jeito que bateu nelu. A maior parte da letra é com Utada repetindo frases chave muito bem pensadas para ficar na sua cabeça, enquanto o instrumental brinca de ser psicodélico com sintetizadores profundos e uma melodia extasiante. “Somewhere Near Marseilles” é uma música de 12 minutos onde os responsáveis te deixam em um transe tão grande que você nem sente que ela tem 12 minutos, e se botar no repeat a experiência fica ainda melhor pois você nem sente que a música acabou. Na primeira vez que ouvi eu tive que respirar bem fundo pois é muita coisa para absorver, e muita coisa BOA que me faz querer ouvir de novo e de novo. Utada acertou muito com isso aqui.
O “BAD Mode” foi muito além das minhas expectativas pois não estava esperando Utada lançar algo tão icônico como “One Last Kiss”. “Somewhere Near Marseilles” não só é tão boa quanto, mas ainda cria uma experiência bem mais imersiva ao ouvinte, permitindo com que eu entre e sinta toda a magia, leveza e psicodelia da música de modo com que eu fique em transe e obcecado por cada entrada de sintetizador e cada aparição dos vocais suaves e prazerosos de Utada. Os responsáveis por essa música tinham a intenção de criar a maior música da atualidade com “Somewhere Near Marseilles”, e eles conseguiram em todos os sentidos.
Realmente impressionante; a música tem mais de 10 minutos e em nenhum momento fica cansativa. Mais um feito e tanto na carreira de Utada.
Uma pena que parece que o álbum não tá indo muito bem no Japão (quer dizer, pros padrões de Utada; Ayuzão e Koda Kumi iam adorar alcançar os números do BAD Mode).
E eu que achava que curtir os batidões de 6, 7, 8 min do Perfume (Party Maker, EDGE, etc) seria meu limite… Tudo pra mim esse J-pop progressivo, excelência essa música <3
Por enquanto, meu limite de música longa no j-pop é esse hino aqui:
https://open.spotify.com/track/2kD1Xq08NVcOfkhYnKIniM?si=8dca2d3d58384bee
Mas quero tirar um tempo p/ ouvir essa outra pedância afrancesada de Utadão tbm
Pode ser que eu esteja empolgado e considere isso um absurdo alguns anos dps, mas achei esse o melhor dela desde o Deep River.
Certo que tem muita música que era single, mas assim como a própria “Somewhere Near Marseilles”, as faixas inéditas são excelentes. É no skip.